Começa a operar nesta segunda em Cuiabá (MT), a Cooperbio, usina de biodiesel construída pelos produtores de algodão e soja do Estado. A planta, com tecnologia 100% brasileira, tem capacidade para produzir 400 mil litros do combustível ao dia. A maior fábrica de Mato Grosso vai injetar no mercado 12 milhões de litros de biodiesel todos os meses, e o destino deles quem decide é o produtor.
A planta "flex" permite o uso de vários tipos de álcool como reagentes e deve alcançar a produtividade pretendida usando 30% de algodão e 70% de soja como matéria-prima – proporção que pode variar de acordo com a sazonalidade. De acordo com o presidente da cooperativa, João Luiz Pessa, à usina só falta a licença de comercialização concedida pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), mas até lá os 400 grupos de produtores associados podem usar o biodiesel nas lavouras.
A Cooperbio nasceu a partir da preocupação dos agricultores com os custos de produção. Ao longo de dois anos foram investidos cerca de R$ 30 milhões para viabilizar a usina e o combustível demandado pelas máquinas agrícolas. De acordo com os cálculos da Associação Mato-grossenses dos Pro-dutores de Algodão (AMPA), o combustível representa hoje 12% do custo variável de uma lavoura de algodão — há quatro anos não passava de 4%.
Produção
A Cooperbio está preparada para processar qualquer oleaginosa animal ou vegetal, e o custo industrial desse processamento é faturado ao produtor, cerca de R$ 0,40 por litro.
– Os produtores entram com a matéria-prima, que eles têm de sobra. A idéia é ter produção o ano inteiro para abastecer as lavouras daqui e negociar o combustível nos leilões da ANP – explica Pessa.
O projeto da planta da Cooperbio foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Campinas (Unicamp), que se associaram à Lucato para executá-lo. Projeto sustentável, processa sem resíduos. Candido Lopes, um dos pesquisadores, explica que a idéia inicial era acabar com a dependência externa em relação aos equipamentos importados, e eles conseguiram.
– Não lavamos o biodiesel, o que traz ganhos ambientais e econômicos por eliminar os custos energéticos.
Em Mato Grosso, maior produtor do País, são cultivados 550 hectares com algodão, de onde saem 51% da produção nacional da fibra. O custo de cada hectare chega a US$ 2500 – três vezes superior ao da soja. O diretor-executivo Ampa, Décio Tocantins, diz que a expectativa dos 353 grupos associados à Cooperbio é de uma boa redução nos custos.
– Queremos que o produtor faça uma lavoura barata– diz
O Instituto Mato-Grossense de Economia Agrícola apontou redução de 27% da safra de 2009.
Gilmara Botelho